sexta-feira, 15 de junho de 2007

Poda

A poda compreende um conjunto de operações que se efetuam na planta e que consistem na supressão parcial do sistema vegetativo lenhoso (sarmentos, cordões e, excepcionalmente, tronco) ou herbáceo (brotos, inflorescências, cachos, bagas, folhas, gavinhas). A videira, em seu meio natural, pode atingir grande desenvolvimento. Nessas condições, a produtividade não é constante, os cachos são pequenos e a uva é de baixa qualidade. Ao limitar o número e o comprimento dos sarmentos, a poda seca proporciona um balanço racional entre o vigor e a produção, regularizando a quantidade de uva produzida. A poda verde constitui-se num importante complemento da poda seca para melhorar as condições do dossel vegetativo do vinhedo e, conseqüentemente, da qualidade da uva.
Os principais objetivos da poda seca são: a) propiciar que as videiras frutifiquem desde os primeiros anos de plantio; b) limitar o número de gemas para regularizar e harmonizar a produção e o vigor, de modo a não expor as videiras a excessos de produção que podem levá-las a períodos de baixa frutificação; c) melhorar a qualidade da uva, que pode ser comprometida por uma elevada produção; d) uniformizar a distribuição da seiva elaborada para os diferentes órgãos da videira; e) proporcionar à planta uma forma determinada que se mantenha por muito tempo e que facilite a execução dos tratos culturais.
A eleição de um sistema de poda depende da cultivar, das características do solo, da influência do clima e de aspectos sanitários. · Cultivar: em condições similares de clima e solo, as diversas cultivares apresentam desenvolvimento vegetativo diferenciado. Nas vigorosas deixa-se um maior número de gemas/vara. O sistema de poda depende também da localização das gemas férteis ao longo do sarmento. Quando as gemas férteis estão situadas em sua base, normalmente faz-se a poda em cordão esporonado; as cultivares que apresentam gemas inférteis na base do sarmento exigem poda longa ou mista. O comprimento dos entrenós também deve ser considerado para a realização da poda. · Características do solo: o vigor da planta está relacionado com a fertilidade do solo. Videiras em solos de baixa fertilidade não são muito vigorosas e, por isso, normalmente adota-se a poda curta; solos férteis propiciam grande desenvolvimento às videiras, sendo então utilizada a poda longa. · Influência do clima: uma mesma cultivar, plantada em solos similares, comporta-se segundo as características climáticas do local. Em áreas sujeitas a geadas tardias, a videira deve ser conduzida mais alta. Em climas úmidos, as gemas da base do sarmento geralmente são inférteis. Climas secos proporcionam maior fertilidade das gemas da base do sarmento. É importante, ainda, considerar a predominância dos ventos. Nas regiões onde a incidência direta do sol não é favorável à qualidade da uva, deve-se fazer a poda de forma que os cachos fiquem sombreados; nas regiões frias e úmidas, a poda deve facilitar a incidência dos raios solares nos cachos. · Aspectos sanitários: as partes da videira com umidade persistente e pouco arejadas propiciam o desenvolvimento de doenças fúngicas. Para evitar a proliferação de doenças nas videiras, deve-se eleger o sistema de poda que assegure o máximo de circulação de ar e penetração de luz.
Na videira não se distinguem gemas vegetativas e gemas frutíferas, como em muitas espécies, mas somente gemas mistas que originam brotos com inflorescências e folhas ou somente folhas. A gema da videira é composta, sendo a principal chamada de primária, que geralmente dá origem a um broto frutífero; as outras duas são chamadas de secundárias, que geralmente brotam quando ocorrer algum dano com a gema primária (geada, granizo, quebra pelo vento, dano nas gemas superiores), as quais dão origem a brotos que podem ser férteis ou não. As gemas da videira se localizam nas axilas das folhas, na posição lateral do ramo, inseridas junto aos nós . · Gemas prontas: formam-se na primavera-verão, cerca de uma dezena de dias antes das gemas francas. Assim que formadas podem dar origem a uma brotação chamada feminela ou neto (ramo antecipado), que segundo a cultivar pode ser estéril, pouco ou muito fértil. Localiza-se, também, na axila das folhas, ligeiramente descentralizada e ao lado da gema franca. · Gemas francas ou axilares: formam-se na base das gemas prontas, junto à inserção do pecíolo foliar e permanecem dormentes durante o ano de formação, mas sofrem uma série de transformações. A formação dos primórdios florais se completa somente na primavera seguinte. Durante a brotação e desenvolvimento dos ramos, as gemas francas não brotam porque são inibidas pela atividade dos ápices vegetativos (dominância apical) e das gemas prontas (inibição correlativa). Essas gemas podem produzir geralmente de um a três cachos, dependendo da cultivar. · Gemas basilares, da coroa ou casqueiras: são um conjunto de gemas não bem diferenciadas que se formam na base do ramo, junto à inserção do broto do ano com a madeira do ano anterior. Somente brotam quando se fizer poda curta, aplicação de regulador de crescimento ou ocorrer problemas com as gemas francas. Geralmente são inférteis na maioria das cultivares viníferas. · Gemas cegas: são as mais desenvolvidas das gemas basilares, sendo as primeiras gemas visíveis localizadas logo acima dessas.




. O sarmento da videira e suas partes (Segundo Chauvet & Raynier, 1984).
Mesmo que os sistemas de poda sejam transmitidos durante gerações, de forma empírica ou intuitiva, é importante que o podador conheça as bases racionais nas quais se sustenta a difícil técnica de podar. Os princípios da poda são os seguintes: · A videira normalmente frutifica em ramos do ano que se desenvolvem de sarmentos do ano anterior. · O sarmento que proporcionou um broto frutífero não produz novamente, por isso deve ser substituído por outro que ainda não tenha produzido. A preocupação deve ser o presente (próxima safra), mas não se pode esquecer o futuro (safras subseqüentes). · A frutificação é em geral inversa ao vigor, pois a produção de uva reduz a capacidade da videira para a próxima safra ou safras. As videiras com altas produções apresentam menos vigor e terão menor produtividade no ano seguinte ou nos anos seguintes. · O vigor individual dos ramos de uma videira é inversamente proporcional ao seu número. · Quanto mais o ramo se aproximar da posição vertical, maior será o seu vigor. A brotação inicia pelas gemas das pontas das varas ou esporões (brotação mais precoce e mais vigorosa); as gemas da parte mediana e da base das varas brotam posteriormente e algumas delas, muitas vezes, nem brotam. A curvatura da vara, as amarrações e o uso de reguladores de crescimento alteram essa dominância. · Uma videira só tem condições de nutrir e maturar de forma eficaz uma determinada quantidade de frutos. · Os ramos mais afastados do tronco são, em igualdade de condições, os mais vigorosos. As gemas mais afastadas da base do ramo têm, em geral, maior fertilidade. · O tamanho e o peso dos cachos, nas mesmas condições de cultivar, solo, clima e poda, aumentam quando se faz desbaste de cachos após o pegamento do fruto. · Para continuar um braço, se elegerá o sarmento situado mais próximo da base. · Qualquer que seja o sistema de poda aplicado, o viticultor deverá vigiar para que a futura área foliar e a produção tenham as melhores condições de aeração, calor e luminosidade. Época da poda A época depende de vários fatores, entre os quais a cultivar, tamanho do vinhedo, topografia do terreno (riscos de geadas tardias), disponibilidade de mão-de-obra qualificada, concorrência com outras atividades na propriedade, umidade do solo e objetivos da produção (indústria, mesa). A poda é feita durante o período de repouso da videira, isto é, desde a queda das folhas até pouco antes do início da brotação. Nas regiões expostas a geadas tardias poda-se tarde, quando as gemas das extremidades dos sarmentos já estão brotadas; nos climas temperados, durante o inverno; e podam-se tarde as videiras vigorosas e cedo, as fracas. As podas excessivamente precoces ou demasiadamente tardias são debilitantes para a videira e retardam a brotação. A poda tardia, geralmente apresenta as seguintes vantagens: a brotação tardia é mais uniforme; há menor incidência de antracnose e menor probabilidade de danos por geadas; propicia maior produtividade do vinhedo; e a temperatura é mais adequada para o desenvolvimento dos tecidos e órgãos da videira.
Há grande variabilidade de sistemas de poda, em função da cultivar, clima, solo e porta-enxerto. Mas, podem ser agrupados em poda curta (cordão esporonado), poda longa (vara) e mista (vara e esporão). A poda é considerada curta quando o esporão tem até três gemas francas (geralmente duas), longa quando as varas tem mais de quatro gemas (geralmente de seis a dez) e mista quando permanecem esporões e varas na mesma planta. Em função do número de gemas deixadas na videira a poda pode ser rica, média ou pobre. Uma poda é considerada rica quando permanecem mais de 120 mil gemas por hectare e pobre, quando esta quantidade é de 50 mil a 60 mil gemas por hectare. Existe uma carga ótima para cada planta, dependendo das condições existentes. Se a quantidade de gemas for menor daquela que a planta exigir, os brotos serão muito vigorosos, haverá maior número de ladrões e, eventualmente, surgirão problemas com a floração; caso a quantidade de gemas for exagerada, resultará numa produção excessiva de frutos que debilitará a planta. O equilíbrio entre a parte vegetativa e a produtiva pode ser expresso pela relação peso fresco do fruto/peso da poda. Um vinhedo equilibrado apresenta valores entre 5 e 10. Sendo a poda mista e o sistema de condução o latada, deixam-se de 5 a 6 varas (6 a 8 gemas por vara) e de 10 a 12 esporões (2 gemas por esporão) por planta; mas se o sistema for o espaldeira, deixam-se 2 varas, uma para cada lado do fio de sustentação da produção, e 3 ou 4 esporões por planta. No caso de haver necessidade de renovação de parte da planta no sistema latada, deve-se deixar varas contendo um certo número de gemas, determinado principalmente pela posição do esporão que deu origem a essa vara em relação aos fios de sustentação da folhagem, que serão utilizadas para substituir as partes comprometidas (braços ou cordões) da videira. Localização dos cortes de poda Quando o corte for realizado no tronco ou nos braços da videira, geralmente ocorre a morte dos tecidos subjacentes à secção do corte se esses forem efetuados rasos. Por esses cortes se infiltra a água da chuva, que pode provocar a decomposição e a necrose do tecido caso não sejam adequadamente protegidos até que se forme a cicatriz que os isola dos agentes externos. É importante deixar um pouco de madeira, a qual contribuirá para melhorar a cicatrização. Os cortes nas varas e esporões não devem deixar a medula exposta, pois pode ocorrer acúmulo de água da chuva e a entrada de insetos e fungos parasitas da videira. Geralmente poda-se logo acima da última gema que se quer deixar, a fim de que permaneça uma pequena porção da medula. O corte deve ser em bisel, com a parte mais comprida do lado da última gema. Tipos de poda Há quatro tipos de poda da videira: implantação, formação, frutificação e renovação, realizadas em função da idade da videira. · Poda de implantação: efetuada na muda, antes do plantio. Consiste no encurtamento das raízes que se quebraram durante o transporte e na poda do enxerto a duas ou três gemas. As mudas importadas e de alguns viveiristas nacionais apresentam o enxerto protegido por uma camada de cera e geralmente são plantadas sem podar a parte aérea. · Poda de formação: tem por finalidade dar a forma adequada à planta, de acordo com o sistema de sustentação adotado. Desde o plantio da muda ou da enxertia é importante que ocorra um bom desenvolvimento da área foliar e, conseqüentemente, do sistema radicular. Por isso, toda a vegetação da planta deve ser mantida em boas condições. A formação da planta deve ser bem planejada e posta em prática no início da brotação. Na Serra Gaúcha, adotam-se os seguintes procedimentos: o broto de maior vigor do enxerto ou da muda (Fig. 2A) é conduzido mediante sucessivas amarrações junto ao tutor (Fig. 2B); quando esse broto alcançar a estrutura da latada ou o primeiro fio da espaldeira, será despontado cerca de 10 cm abaixo desta (Fig. 2C), para eliminar a dominância apical e estimular a brotação e o desenvolvimento das feminelas; os brotos das últimas duas feminelas são conduzidos no arame, mediante amarrações no sentido da linha de plantio, um para cada lado (Fig. 2D). Esses brotos serão os futuros braços da videira. Caso eles tiverem o vigor suficiente, poderão ser novamente despontados. Nos sistemas em que se adotar a condução em um braço, o ramo principal não será despontado, devendo ser conduzido junto ao tutor e quando alcançar o primeiro fio da estrutura será desviado e conduzido no sentido desejado. O mesmo poderá ser despontado quando alcançar a videira seguinte. A poda de formação consiste em podar os futuros braços das videiras deixando no máximo seis gemas (Fig. 2E). As mudas que não foram despontadas, mas que apresentam vigor suficiente, são podadas na altura da estrutura de sustentação. As mudas fracas devem ser podadas a duas gemas. É importante manter uniformidade no desenvolvimento das mudas, pois videiras com diferentes idades dificultam o manejo e os tratos culturais do vinhedo. Normalmente, a poda de formação é concluída até o terceiro ano. A poda de formação adequada proporciona maior facilidade para a realização da poda de frutificação. Fig. 2. Poda de formação: A - enxerto ou muda; B - condução da muda; C - desponta; D - condução das feminelas; E - poda seca. (Desenhos: Adriano Mazzarolo) Poda de frutificação: A poda de frutificação, também chamada de poda de produção, tem por objetivo preparar a videira para a produção da próxima safra. Deve ser feita através da eliminação de sarmentos mal localizados ou fracos e de ladrões, a fim de que permaneçam na planta somente as varas e/ou esporões desejados. A carga de gemas do vinhedo deve ser adequada à maximização da produtividade e da qualidade de uva, sem comprometer as produções dos anos seguintes. Nas videiras espaçadas de 2,5 m x 1,5 m, conduzidas em latada e com poda mista, pode-se deixar, em cada braço, três varas com 6 a 7 gemas cada uma e até 6 esporões com duas gemas cada um (Fig. 3A). Isso resulta de 60 a 66 gemas/planta. As varas devem estar distanciadas entre si cerca de 50 cm. Portanto, nos 75 cm de cada braço permanecem duas varas num sentido e uma no sentido oposto. Os esporões devem ficar bem distribuídos ao longo de cada braço. As sucessivas podas de frutificação consistem em eliminar as varas que já produziram e substituí-las por outras originadas dos esporões (Fig. 3B). Das duas brotações dos esporões (Fig. 3C) seleciona-se, na próxima poda, a mais afastada do braço para ser a futura vara (Fig. 3D) e a mais basal para ser o esporão (Fig. 3E). Desta forma, a carga básica é de 6 varas e 12 esporões por videira. Fig. 3. Poda de frutificação: A - planta antes da poda, mostrando os sarmentos originados dos esporões e varas deixados no ano anterior; B - planta mostrando as varas e os esporões deixados após a poda; C - brotação das duas gemas do esporão; D - detalhe indicando a posição dos cortes na poda mista de inverno; E - detalhe mostrando a vara e o esporão após a poda. (Desenhos: Adriano Mazzarolo) · Nas videiras conduzidas em espaldeira pode-se adotar a poda tipo Guyot (vara e esporão) seguindo, basicamente, o que foi descrito para a latada ou o cordão esporonado (somente esporões). Nesse caso, os esporões devem ficar distanciados cerca de 20 cm entre si. Nas videiras conduzidas em Y, pode-se adotar a poda mista, conforme descrito para a latada, ou o cordão esporonado, sendo a vegetação distribuída nos dois planos de sustentação. Geralmente, as varas apresentam menor número de gemas do que no sistema latada. · Poda de renovação: a poda de renovação consiste em eliminar as partes da planta, principalmente braços e cordões, que se encontram com pouca vitalidade devido a acidentes climáticos, danos mecânicos, doenças ou pragas, e substituí-los por sarmentos mais jovens. É utilizada, também, para rebaixar partes da planta que se elevaram em demasia em relação ao aramado, bem como às partes que devido a sucessivas podas se distanciaram dos braços ou cordões. Para a renovação de toda a copa, utiliza-se a brotação de uma gema latente do tronco (ladrão) bem localizada e a partir dela se reconstitui a planta. Essa prática é pouco utilizada sendo preferível a substituição da videira. Poda Verde Denomina-se poda verde as operações efetuadas durante o período vegetativo da videira. Desde que efetuada com cautela e na época oportuna, poderá melhorar as condições do microclima dos vinhedos, possibilitando, com isso, a diminuição de doenças fúngicas, maior eficiência nos tratamentos fitossanitários e colheitas mais equilibradas. Entretanto, seus efeitos serão prejudiciais se realizada fora da época ou de forma abusiva, pois se estará reduzindo a capacidade fotossintética da videira. O manejo do dossel vegetativo é efetuado com o objetivo de complementar a poda seca da videira e de melhorar o equilíbrio entre a vegetação e os órgãos de produção. No manejo do dossel, a poda verde é uma de suas principais atividades. Os objetivos gerais da poda verde na videira são: 1) direcionar o crescimento vegetativo para as partes que formarão o tronco e os braços; 2) diminuir os estragos causados pelo vento; e 3) abrir o dossel vegetativo de maneira a expor as folhas mais favoravelmente à luz e ao ar. As principais modalidades de poda verde, realizada nas videiras destinadas à elaboração de vinhos finos, são a remoção de gemas, a desbrota, a desponta e a desfolha. Remoção de gemas Consiste na eliminação das gemas antes da brotação. Ela pode ser praticada tanto na poda de formação quanto na de frutificação. Na poda de formação são eliminadas as gemas que estão localizadas abaixo do fio de sustentação bem como as gemas localizadas no lado de baixo dos futuros cordões. A remoção de gemas da parte inferior do tronco de uma planta jovem é realizada com o intuito de concentrar o crescimento em um ou mais ramos situados na parte superior, os quais formarão os braços da videira. Na poda de frutificação, principalmente nas cultivares que possuem entrenós curtos ou com vegetação muito fechada, pode-se podar as varas com maior número de gemas e após eliminar as excedentes, visando melhorar a distribuição da futura vegetação. Desbrota A desbrota consiste em suprimir os brotos herbáceos que se desenvolvem no tronco e nos braços e os ladrões que se desenvolvem no porta-enxerto (esladroamento). Essas práticas têm como principais objetivos: eliminar órgãos frutíferos ou não; reduzir os riscos de infecção do míldio; reduzir os riscos da fitotoxicidade de herbicidas sistêmicos; preparar as operações da poda seca, de maneira a reduzir o tempo para a execução dessa prática; auxiliar no estabelecimento das plantas como complemento da formação de inverno, além de melhorar a distribuição e o desenvolvimento dos ramos não eliminados. A remoção dos brotos deve ser executada no início da brotação, brotos com até 15 a 20 cm, em uma ou mais vezes se necessário. Quanto mais cedo for realizada a desbrota melhor a cicatrização das lesões. Não devem ser eliminados os brotos inférteis que sirvam para renovar ramos comprometidos ou ocupar espaços vazios no vinhedo. A eliminação dos netos da região do cacho será útil em videiras vigorosas para o melhor arejamento dos cachos, redução do excessivo sombreamento e facilidade de penetração dos tratamentos fitossanitários. Desfolha A desfolha consiste na eliminação de folhas da videira, principalmente as situadas próximas aos cachos. Essa prática tem como principais objetivos: aumentar a temperatura, a radiação solar e a aeração na região dos cachos; melhorar a coloração e a maturação das bagas; reduzir a incidência das podridões do cacho; favorecer o acesso aos cachos das pulverização tardias contra as podridões da uva. A desfolha, da mesma forma que a desponta, deve ser feita com cuidado, pois se for inadequada pode comprometer a atividade fotossintética da planta. Deve ser feita durante o pegamento do fruto se os objetivos forem melhorar as condições para a maturação da uva e diminuir as condições de incidência das podridões. Mas se o objetivo for acelerar a maturação, ela deve ser feita poucos dias antes da colheita da uva. Convém salientar que em qualquer caso deve-se eliminar somente as folhas mais velhas, para não comprometer o fornecimento de nutrientes para o cacho. Cultivares que apresentam folhas pequenas, recortadas, têm menor necessidade de desfolha, assim como as que apresentam bagas sensíveis à radiação solar direta. Para as condições meteorológicas do estado do Rio Grande do Sul, nas espaldeiras com orientação Leste-Oeste, sugere-se preservar as folhas do lado Norte e atuar com mais intensidade nas do lado Sul; no caso das fileiras com orientação Norte-Sul, é melhor desfolhar no lado Leste, pois pela manhã o sol e as temperaturas são mais amenas que a tarde (lado Oeste). Desponta A desponta consiste na eliminação de uma parte da extremidade do ramo em crescimento e tem os seguintes efeitos: · Efeito fisiológico - diminuir a incidência do desavinho em cultivares susceptíveis a este distúrbio fisiológico, quando realizada no início da floração; · Efeito prático - facilitar a penetração de produtos fitossanitários, o que não seria tão facilmente realizado com uma vegetação densa; · Efeito sobre o microclima dos cachos - melhorar as condições de luminosidade e de aeração através da redução da sombra; · Efeito sobre a sensibilidade às doenças - eliminação de órgãos jovens susceptíveis à infecção de doenças, especialmente o míldio; · Efeito sobre a morfologia da planta - manter um porte ereto dos ramos no vinhedo conduzido em espaldeira, antes que adquiram uma posição em direção ao solo. A desponta pode ser feita mais de uma vez, se necessário. Realizada muito cedo, ela pode estimular o desenvolvimento das feminelas aumentando o efeito da competição por nutrientes e o sombreamento na região do cacho; praticada muito tarde, não apresenta efeito sobre o pegamento do fruto. A intensidade da desponta não deve ser muito severa, pois pode causar um importante efeito depressivo na videira. De um modo geral, recomenda-se suprimir em torno de 15 cm do ramo. Devem ser deixadas, no mínimo, de 6 a 7 folhas acima do último cacho. O ideal é que permaneça 1,20 m de vegetação acima dos cachos. Supressões mais severas, ou seja, de 30 cm a 60 cm, podem causar os problemas acima mencionados. Nas cultivares muito sujeitas às queimaduras das bagas pelos raios solares, a desponta, provocando a brotação das feminelas, pode proporcionar proteção aos cachos.

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